quarta-feira, 29 de junho de 2011

Com o tempo...

Com o tempo eu vou provar que eu sou o que você sempre sonhou.
Com o tempo eu vou mostrar assim que o seu lugar é perto de mim
Com o tempo, como o perfume de uma flor, eu vou onde quer que você for
E meu coração só sabe te querer
Eu acho que é porque você é o que eu sempre quis ter
Então vem, porque o meu amor é de verdade.
Com o tempo eu vou mostrar que vai durar por toda a eternidade.

Por Jéssica

sábado, 18 de junho de 2011

Uma música que marcou minha vida.

Eu resolvi postar no meu blog uma música que marcou a minha vida. Ela me conecta ao passado, me traz boas recordações. Tristes, mas boas. Eu fecho os olhos e me vejo no colo do meu pai dançando essa música repetitivamente até eu adormecer. Aquele homem que chegava em casa as 23h e ainda dava atenção para as filhas. Deus me abençoou com os melhores pais que eu poderia ter na face da terra e não existe ninguém melhor do que eles, pelo menos não para mim. Aquele homem alto, calmo, bondoso, inteligente, médico que não aparentava solitário, mas que eu tenho certeza que se existisse alguém no mundo que entenderia pelo o que eu passo todos os dias, essa pessoa seria ele. Eu tive a oportunidade de conviver durante 6 anos com ele e com certeza foram os melhores 6 anos de toda a minha vida. E esse amor que eu sinto por ele jamais irá acabar. Meu super-herói. Meu pai.


Duran Duran- Matter of feeling
How does it feel
When everyone surrounds you?
How do you deal 
Do crowds make you feel lonely?

What do you say?
When people come and try to pin you down?
Aquaintainces smile 
But that's no understanding

How after a while 
You keep falling off the same mountain
Try to explain it 
But nothing really gets them that high

Steal away in the morning 
Love's already history to you
It's a habit you're forming 
This body's desperate for something new

Just a matter of feeling 
This moment's madness is sure to pass
And tears will dry as you're leaving 
Who knows you might find something to last

Emotion's a game 
Saved up for a rainy Monday
But you laught just the same 
'Cause it's been pouring on Sunday

Call up your numbers 
And never let the zeros bring you down
How does it feel? 
Is time too heavy to hold?

Whatever you decide 
For the moment is holy
Whenever you slow down 
To see life is passing by

Steal away in the morning 
Love's alredy history to you
It's a habit you're forming 
This body's desperate for something new

Just a matter of feeling 
This moment's madness is sure to past
And tears will dry as your're leaving 
Who knows you might find something to last

You can steal away in the morning 
Love's already history to you
It's a habit you're forming 
This body's desperate for something new

Just a matter of feeling 
This moment's madness is sure to pass
And tears will dry as you're leaving 
Who knows you might find something to last

A matter of feeling
A matter of feeling
(He comes to steal the world)
A matter of feeling
(He comes and steal the world)
A matter of feeling
(He comes and taste the blood)
A matter of feeling


Por Jéssica

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Pesadelo sangrento

Ela deu sinal para o ônibus parar. O ônibus parou. Era o mesmo ônibus que ela pegava todos os dias. O motorista e o cobrador já a conheciam. Ela subiu as escadas do ônibus, desejou boa noite ao motorista que retribuiu com um olhar e um sorriso. Deu mais sete passos até chegar à catraca. Desejou boa noite ao cobrador que retribuiu animado.
-Boa noite, Dona Jaqueline!
 Ela deu a ele o dinheiro da passagem, atravessou pela catraca e sentou-se na primeira poltrona que viu vaga. Já eram nove da noite. Estava frio. Ela ficou observando a rua, os carros em movimento, os pedestres caminhando para direções que ela não sabia.
Foi um dia longo de trabalho. Ela sentia seus olhos pesados e lutou para que eles não se fechassem, mas no fim o sono ganhou e ela adormeceu.
Quando se deu conta, ela estava em casa. O telefone tocou e ela atendeu. Era William dizendo que estava a caminho da casa dela. Em um relance, ele já estava na casa dela, sentado no sofá. Ela perguntou para ele se ele queria algo para beber. Ele disse que queria vodca com gelo e limão. 
Enquanto estava na cozinha, preparando a bebida, abriu uma gaveta e encontrou um revolver. Pegou a arma, colocou no bolso de sua jaqueta e foi até a sala, levando a bebida que ele pediu. 
Tudo estava muito estranho e nada fazia muito sentido naquilo tudo. Ele estava com um sorriso irônico nos lábios. Ele falou sobre ir morar na Jamaica e fazer uma plantação de maconha e fuma-la em paz. Curtir a vida, pois ela era muito curta para se preocupar com as coisas que o capitalismo impõem para a sociedade. E ela falava de suas tristezas mais profundas, de como a multidão de pessoas a fazia se sentir sozinha. De como ela sentia uma estranha raiva que logo se tornava em tristeza. Vontade de morrer. Vontade de matar. 
Ela se viu em pé, apontando a arma para William. Ele continuou com o sorriso irônico nos lábios.
Ela dizia coisas sem nexo. Namoro fracassado, ilusão, você nunca me amou, caminhar de mão juntas, não alcanço a felicidade que mereço.Insonia. Algodão doce, palhaços, fracassos... E começou a chorar enquanto falava.
O sorriso irônico desapareceu dos lábios de William. Ele se levantou do sofá para ir em direção a porta. Ela o empurrou de novo para o sofá. Ele olhou bem no fundo dos olhos dela e disse: 
-Eu te amei como ninguém jamais irá te amar, mas hoje em dia, se existe alguém que eu não suporto, essa pessoa é você. 
Assim que ele terminou a frase, Jaqueline apertou o gatilho da arma. William começou a sangrar. Jaqueline jogou a arma no chão, perto do sofá e virou de costas para ele.
-Ei, Jaqueline! 
Ela se virou e viu William sangrando com a arma na mão. Ouviu o disparo. Caiu no chão sangrando. Não sentia dor. Pela primeira vez não sentia nada. Nem angustias, nem dor, nem tristeza, nem alegria. Não sentia emoção nenhuma. Para qualquer lugar que olhasse, ela só via sangue. Ela fechou os olhos e tudo ficou escuro.
De longe, ela começou a ouvir uma voz.
-Moça! Moça! Moça! 
Quando abriu os olhos estava sentada dentro do ônibus em movimento. O cobrador olhava para ela e disse:
-Seu ponto é o próximo.A senhora está bem? Parece estar assustada. Teve um pesadelo, foi?
Jaqueline realmente estava com os olhos arregalados e sentiu um grande alivio quando percebeu que aquilo era apenas um sonho.
-Estou bem, obrigada.
O ônibus parou e ela desceu do ônibus e foi andando até sua casa. Aquele frio era de cortar a pele. Enquanto caminhava, ela foi pensando sobre o sonho que teve, Foi tão real. 
Quando chegou em casa, abriu a bolsa e pegou a chave da porta. Abriu a porta. Quando olhou para o chão tinha uma carta para ela. Era de William. Abriu o envelope e só havia uma frase escrita na folha.
"Eu te amei como ninguém jamais irá te amar, mas hoje em dia, se existe alguém que eu não suporto, essa pessoa é você."
Amassou o papel e jogou no lixo. Ela foi para o quarto se deitar e ficou pensando que muitas pessoas  sabem como é se sentir amada, inclusive ela. Entretanto, poucas devem saber como é o sentimento de ser odiada e ela era uma dessas pessoas. Logo ela que não tinha sentimentos maus por ninguém. E começou a cantar bem baixinho uma musica de John Lennon.

"Imagine all the people Living life in peace.
You may say I'm dreamer 
But I'm not the only one.
I hope some day you'll join us
And the world will be as one."

Nenhum sentimento mau veio a cabeça dela nunca mais na vida dela. E aqueles que a desejavam mal, ela desejava o bem em dobro. 
Paz!

Por Jéssica

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O telefonema

Era uma fria tarde de outono. Karina acendeu um cigarro e ficou olhando a rua movimentada da varanda de seu apartamento. Assim que apagou a butuca, ouviu o telefone tocar. Foi atendê-lo.

-Alô.
-Karina?
-Ela mesma.
-Oi, é a Katherine.
-Oi Kath, tudo bem?
-Tudo e com você?
-Tudo bem também.
-E aí, o que você me conta de novo?
-Eu? Nada, Kath e você?
-Nada demais. Está chovendo muito por aqui, Está em greve de ônibus, por isso não fui á faculdade hoje e o namorado australiano de Marília está aqui em Curitiba.
-Fiquei sabendo dessa história. Você está de olho em alguém? Algum pretendente de Curitiba ou daqui de São Paulo?
-Eu não. Está fraco o negócio.

Katherine deu risadas.

-Tia Wendy falou que você tinha. Um aqui e outro aí.
-Jamais, Karina.
-O daqui eu imaginei que fosse o Oliveira.
-Nossa, bem que eu queria que o Oliveira fosse meu paquera.
-E não é?
-Não.
-Por que não? Poderia ser.
-Ah! Ainda não poderia. Quem sabe quando eu terminar a faculdade e voltar para São Paulo.
-Mas é por isso que poderia ser só um paquerinha, por enquanto.
-É complicado, não dá certo. Você parou de falar com aquele seu amigo, João?
-Não, por que?
-Nunca mais ouvi notícias dele. Achei que você tivesse parado de falar com ele. E por que você anda tão triste ultimamente? Ouvi falar que não sai mais de casa e tal...
-Eu tenho brigado muito com a mamãe. Ela joga os meus fracassos na minha cara. Eu me sinto péssima.
- Ah, Karina, vocês vivem jogando as coisas uma na cara da outra. Se ela guardasse todas as coisas que você já jogou na cara dela, ela não seria a pessoa que é hoje.
-Ela guarda, Katherine. Um dia, ela ficou bêbada aqui em casa e eu tive que cuidar dela e ela ficou falando das magoas dela, ficou pedindo desculpas por ser uma mãe ruim, ficou pedindo para eu não abandoná-la, porque eu sou a razão da vida dela, eu e você, e ficou chorando.
-Então...
-Ela tem muito medo que eu me mate e ela se culpa por ser uma mãe ruim. No fundo, ela se acha uma mãe ruim e é tudo culpa minha porque eu jogo essas coisas na cara dela para magoá-la quando nós brigamos e ela me magoa.
-Coitada! Sinto tanta dó. Você não sente dó?
-Se eu sinto? MUITA!!! No dia que ela ficou bêbada foi horrível. Foi, basicamente, o pior dia da minha vida. Claro que ela não sabe que foi tão horrível para mim, porque eu nem falo disso com ela e quando ela fala, ela acha graça. Mas foi horrível para mim. E quando ela se abre comigo e conta as fragilidades dela, o meu mundo desaba. Eu sinto vontade de carregá-la no colo, mas eu mal consigo me sustentar. Eu queria ser igual a você. Igualzinha, Kath. Você é tão lutadora quanto ela e não é fraca e não desiste das coisas no meio, como eu faço. Você parece ser tão forte e eu sinto muita inveja de você. De um jeito bom, não de um jeito ruim, mas é inveja mesmo. Eu queria ser igual a você...
-Relaxa, eu sei o que você quer dizer, Karina. Ficou até bonito ouvir isso tudo. Você realmente tem jeito com as palavras. Está aí uma oportunidade que eu acho que você não deveria desperdiçar. Escreva um livro, faça uma faculdade que desenvolva ainda mais o seu potencia. Na época que eu saia com o Luiz, eu não era uma boa filha. Na noite de páscoa de 2006, quando ela contou para a gente a forma como o papai realmente morreu, a minha visão de mundo se transformou e em relação a ela, tudo mudou.
-Eu sei, em mim também.
-Deve ser muito ruim guardar um segredo tão grande assim. Então, eu resolvi fazer de tudo na minha vida para fazê-la feliz. Essa virou minha meta de vida, praticamente. Tudo o que eu faço, eu penso antes se vai fazê-la feliz. Por isso ela sente tanto orgulho de mim. Porque eu faço coisas que eu não me sinto bem, às vezes, mas eu sei que ela vai se sentir bem.
-Eu sei, por isso eu queria ser igual a você.
-Karina, eu acho que eu me sacrifico muito. Você poderia se sacrificar também, se você quiser.
-Eu sei. Eu tento, mas quando eu começo a me sacrificar demais, trabalhar demais, ficar muito estressada, eu tenho um curto circuito e entro em depressão.
-Precisa tentar mudar isso em você.
-Ela se sacrifica tanto por nós duas e eu me sinto uma folgada. É basicamente o que ela deve pensar de mim e o que você deve pensar de mim também, porque é isso o que eu sou. Eu pulo fora do barco quando a coisa tá ficando preta.
-Eu só não entendo o porquê. Não pode! Acho que ajudaria se você se espelhasse em alguém mais forte. Às vezes, eu acho que estou onde ainda estou por causa de Marília.
-Eu sinto falta de amizades verdadeiras, que me incentivem, que me coloquem para cima. Eu tenho poucas amigas verdadeiras.
-Ih, relaxa. Essa coisa de amizade verdadeira, eu, às vezes, acho uma besteira.
-Por quê?
-Ah, sei lá, mas acho que você não deve se apegar tanto a essas pessoas. Às vezes, eu acho que minha amizade com Marília é assim, muito de interesses. Uma tem interesses na outra. Eu quero me formar, ela me ajuda a estudar e tal. Ela quer sair de Curitiba e ir para São Paulo depois que se formar, por isso ela anda comigo. Porque ela sabe que eu posso dar suporte para ela em relação a isso. Eu a adoro. Gosto muito mesmo, mas muitas vezes, eu vejo as coisas dessa maneira.
-Entendo. Eu concordo com você.
-Ah, olha que básico, a Marília acabou de me mandar uma mensagem no celular dizendo que o namorado australiano dela comprou uma passagem para ela ir à Austrália no meio do ano.

Karina deu risada.

-Que legal! Muitas pessoas não têm a sorte que ela tem.
-Pois é.
-Karina, tenho que desligar, tenho que estudar. Ainda não estudei nada hoje.
-Tudo bem , Kath. Bons estudos.
-Beijos
-Beijos.
-Tchau.

Karina desligou o telefone e foi para a varanda fumar outro cigarro. Ficou pensando em tudo o que havia conversado com Katherine ao telefone e ficou vendo a lua nascer no céu já escuro. 


Por Jéssica

Rotina inacabada.

                                                                               
A luz do sol invadia seu quarto. Nem as cortinas ofuscavam aquela luz. Apesar da claridade do sol, seu quarto continuava frio. Ela abriu os olhos com dificuldade e aos poucos ia se acostumando com a luz. Sentia a ressaca da noite passada. Lentamente ia se lembrando do sonho que teve. Fazia tempo que não sonhava com ele. Fazia tempo que não se lembrava dele. Fazia tempo que não sentia nada por ele, mas aquele sonho acabou com o jejum por ele. Aquele sonho fez ela perceber o que ela tinha se tornado sem ele.
Colocou o cd do Duran Duran no som e ficou ouvindo repetitivamente a mesma música e cantava alto o refrão Who do you need, Who do you Love when you come undone?
Já havia mais de sete meses desde a última conversa, gritaria, baixaria e do término de tudo aquilo e ela, aparentemente, superou bem o luto da perda dele. Entretanto, havia algo que a deixou desnorteada de tudo em volta dela. Ela não era mais a mesma.
Depois de acordar e de se recuperar de suas ressacas matinais, sua companhia eram Caio Fernando Abreu, Clarisse Lispector e Machado de Assis.
À noite se tornaram mais frias e longas naquele inverno e ela as passava na varanda, bebendo uma garrafa de vinho qualquer e fumando um maço de cigarros. Ficava bêbada, ia para o banheiro vomitar e depois ia para a cama dormir.
Ela acordava com a claridade da luz do sol que entrava pela janela e sabia que na noite anterior não havia só vomitado o vinho. Ela colocava para fora também toda a sua melancolia, seus fracassos, suas amarguras e suas magoas que estavam presas dentro de sua alma e não saiam de outro jeito.
Uma noite, enquanto bebia o vinho e fumava um cigarro, ela começou a pensar em ligar para ele e dizer para ele como ele arruinou a vida dela. Depois de mais um gole de vinho, sentiu uma súbita raiva porque percebeu que quem estragou até então a vida dela foi ela mesmo. O pior é que foi tudo em vão. Amassou o cigarro e acendeu outro em seguida. Sentia a necessidade de culpar alguém pela vida medíocre que levava. Mas não havia mais ninguém a culpar a não ser ela mesma e essa culpa estava sufocando-a.
Ela ficava se perguntando se ele estaria feliz agora e sentia inveja daquilo, pois era o que ela mais desejava naquele momento. Ela não se sentia triste, mas também não se sentia feliz. A única coisa que ela sentia há um bom tempo era indiferença. Indiferença de tudo e de todos. Nada havia sentido algum.
Ela conseguia se lembrar de quando era uma criança feliz e tinha sonhos e esperanças e não entendia o porquê de todo esse sentimento bom ter simplesmente evaporado de sua vida assim, sem mais, sem menos.
Sua mãe nunca a amou o suficiente. O pai dela nunca manteve contato com ela. Mas isso não a impediu de ser uma criança feliz. Ela criou o seu próprio mundo e nele ela vivia feliz e esperançosa de que a vida era melhor do que ela imaginava. Isso a manteve feliz por muito tempo. Entretanto, com o tempo a mágica foi passando e o que sobrou foi o preto e branco, a falta de sentido. Se a vida é colorida, então ela era transparente.
Assim ela vivia seus dias e noites, numa espécie de rotina inacabada, incontrolável, que nem ela se dava conta.
Tinha uma vida assim, começada, mas não saia dessa rotina inacabável. Era uma vida sem sentido. O desespero pelo sentido não a levava a lugar nenhum e jamais iria levar. A vida tem dessas coisas. Ela acontece sem nada ser esperado ou desesperado.

Por Jéssica